terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O PT foi rechaçado pelo PMDB e agora quer engabelar Robinson Faria

Nada é mais politicamente palatável ao Partido dos Trabalhadores do que uma enorme aliança que priorize seus interesses. Se a coisa é boa para a legenda, até acordão é bem vindo, como nos doze anos governando o Brasil com Sarney, Maluf e Fernando Collor.
Na eleição vindoura, a grande intenção partidária – dentro da prioridade de eleger Fátima Bezerra ao Senado – era compor com o PMDB da família Alves, não importando o enorme bloco político que Henrique e Garibaldi estão arregimentando.
Coisa parecida já havia acontecido na eleição municipal que elegeu Micarla de Sousa (PV), quando a candidata Fátima foi derrotada no primeiro turno e contando com todos os bacuraus em seu palanque. Aquele foi um acordão do bem, no idioma petista.

O que move agora o PT a compor com o PSD de Robinson Faria é mais um movimento alternativo para contemplar o único interesse dos petistas na salvação da candidatura de Fátima Bezerra ao Senado, já que a aliança com o PMDB vai ficando distante.

O sonho, o desejo, a vontade de Fátima sempre foi ser a senadora de Garibaldi, repetindo o que já houvera ocorrido como slogan e como resultado com Fernando Bezerra. Mas o PMDB sempre quis a opção de Wilma de Faria (PSB) na chapa.
Correr para ensaiar uma dobradinha com Robinson é a jogada que restou ao PT, rejeitado que foi por Henrique e Garibaldi, que como fiéis peemedebistas não querem perder terreno partidário na composição do Senado Federal, como pensam os petistas.

A aliança com Robinson Faria, propagada oficialmente ontem com a foto da reunião dos dois respectivos diretórios, é de grande conveniência para o PT, que sequer tem a elegância de disfarçar os dois únicos interesses da legenda na futura campanha.
Não precisa correr atrás de dirigente ou militante para saber que a candidatura de Robinson ao governo é só um detalhe para o PT, que assumidamente se declara focado apenas em construir o palanque de Dilma no RN e eleger Fátima Bezerra ao Senado.

Menos de 24 horas após divulgar uma nota apoiando a pré-candidatura do PSD, as verdadeiras intenções foram publicadas no Twitter, pelo deputado Fernando Mineiro, em resposta a uma pergunta da jornalista Laurita Arruda, mulher de Henrique Alves.
Não que não sejam legítimas, no âmbito partidário, querer vencer a eleição senatorial e formar um palanque para Dilma Rousseff; mas é no mínimo desleal não valorizar a candidatura a governador de um partido que se abriu para a aliança, como fez o PSD.
As postagens de Mineiro expressam o perigo que correrá Robinson Faria durante a campanha eleitoral, onde os aliados muito provavelmente terão outras prioridades acima da sua candidatura ao governo. Não sou eu que o digo, mas o próprio líder do PT.

É esse tipo de postura, exclusivista e mesquinha, que tem levado ao desgaste a própria base aliada de Dilma. O jogo de esconde-esconde e as tentativas de rasteira no PMDB fizeram acordar os parlamentares do maior partido do Brasil, que já está revidando.

Na dialética malandra do PT, acordão é aquela composição em que todos se juntam contra seus interesses; mas, se todos se unirem em favor do PT aí é somente uma grande aliança pelo bem federal, estadual ou municipal. O cinismo político é sem tamanho.

Para entender a lógica cínica petista: se FHC aparecer numa foto ao lado de Gilmar Mendes, seus ratos da esgotosfera guincham em baixo calão. Se Lula posar com Maluf, com Sarney ou com Jader Barbalho, é tudo natural, como na caverna de Ali Babá.

O PT potiguar buscou avidamente uma composição com o PMDB de Garibaldi e Henrique, até ser rechaçado. Fracassado no intento, sacou do bizaco o discurso do acordão e agora quer engabelar o PSD fazendo de Robinson um detalhe da sua trama.

Por Alex Medeiros – Jornal de Hoje

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